sábado, 2 de abril de 2011

“O FOGÃO VAIDOSO”


Era uma vez um fogão grande, bonito e muito vaidoso. Estava exposto numa loja de electrodomésticos entre outros fogões, frigoríficos, esquentadores e outros artigos para a cozinha. Um dia, entrou na loja um cliente que se interessou pelo fogão vaidoso. Mexeu-lhe nos botões, levantou a tampa, abriu a porta do forno para ver se estava tudo bem. Porém, o fogão não gostou nada que lhe fizessem aquilo.
- “Esteja quieto! Não vê que me está a incomodar?” – refilou.
O cliente aproximou-se do dono da loja e disse estar interessado em comprar aquele fogão. O Sr. Júlio ficou muito contente e até fez um desconto no preço e transportou o fogão para dentro do carro.
- “Adeus colegas, vou-me embora! Já estava cansado de estar sempre no mesmo sítio.”
Em casa do novo dono instalaram-no na cozinha que era muito bonita, cheia de sol! O Sr. José foi buscar um tubo de borracha e ligou-lho na parte de trás, apertando-o com uma anilha.
- “Ai, isto dói! Para que será este tubo?”
- Já está, podes começar a cozinhar no teu novo fogão – disse o Sr. José sorridente, para a esposa.
- “Cozinhar? Em mim? Nem pensem, não vou deixar.”
A Dona Matilde ligou o botão, acendeu um fósforo mas o bico não acendeu. Experimentou os quatro bicos e nenhum deles dava lume.
- Como vou eu cozinhar se os bicos não acendem? – queixou-se ela.
O Sr. José foi verificar se estava tudo bem instalado.
- Não percebo o que se está a passar. A instalação está bem-feita, a bilha do gás está aberta, não compreendo porque é que ele não trabalha.
- “Nem pensem cozinhar nos meus bicos novos! Para eu ficar todo cheio de gordura e a cheirar a fritos? Nem pensar…”
O marido da Dona Matilde telefonou para o dono da loja e pediu-lhe que fosse lá a casa ver o que se passava.
- Realmente é muito estranho, não entendo porque é que ele não funciona. – exclamou o Sr. Júlio, admirado.
- Para que quero eu um fogão se não posso cozinhar nele?
- Tens razão Matilde. Olha, vamos vendê-lo ao ferro velho e comprar outro.
- “Ferro velho, eu? Deixam-me ao sol e à chuva, vou ficar todo enferrujado! Não, não me levem para lá, por favor!”
O Sr. Júlio abriu o forno e espreitou lá para dentro. Depois, voltou a verificar o tubo e se a anilha estava bem apertada.
- “ Acendam-me, vá lá. Prometo que deixarei passar o gás!
- Esperem, vou experimentar outra vez – disse o dono da loja acendendo um fósforo.
E ao ligar um botão eis que surge uma chama azul num dos bicos do fogão vaidoso.
Todos sorriram aliviados.
A Dona Matilde, quando terminava de cozinhar limpava-o muito bem, não lhe deixando um bocadinho de gordura e ficava com um cheirinho a alfazema.
-“Sou muito feliz nesta nova casa e a minha dona deixa-me sempre limpo e muito brilhante!”

Maria Manuela Amaral

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