domingo, 30 de maio de 2010

NA QUINTA DO TIO TOMÁSIO - O GINÁSIO




Na Quinta do Tio Tomásio, havia um grande lago onde todos os animais tomavam banho, sempre que lhes apetecia. Naquela tarde, o pato Gingão e a pata Fofinha decidiram ir nadar para lá. Qual não foi o seu espanto quando o encontraram sem água.
- Olha, está vazio! – Exclamou a patinha.
- Oh, que pena, apetecia-me tanto nadar um bocadinho… - Lamentou o seu companheiro.
O tio Tomásio, ao passar por ali, parou para os cumprimentar.
- Olá amiguinhos. Que olhinhos tristes são esses? – Perguntou.
- Olá, tio Tomásio. Nós vínhamos nadar, mas encontrámos o lago sem água…
- Então é por causa disso que estão tristes? Não se preocupem porque amanhã já poderão vir nadar. Eu pedi para mudarem a água, aquela já estava muito suja.
Os dois amigos sorriram contentes, mas o Gingão depressa voltou a ficar aborrecido.
- Que maçada, hoje não temos nada para fazer…
- Bom, eu posso dar-lhes uma ideia? – Perguntou o tio Tomásio.
- Simmmm! – Responderam em coro.
- Porque é que não aproveitam a tarde para fazerem ginástica? O ginásio está aberto…
- Ginástica? – Perguntou a pata Fofinha muito admirada.
- Boa ideia, vamos ao ginásio! – Gritou entusiasmado, o amiguinho Gingão – Vamos! Até logo tio Tomásio, e obrigado pela sugestão.
- Adeus, patinhos e divirtam-se.
Os dois correram na direcção do ginásio. Quando entraram, a pata Fofinha olhava, muito confusa, para tudo o que via. Era a primeira vez que entrava no ginásio…
- Que engraçado…Para que servem estas escadas, Gingão?
- Isto não são escadas, são espaldares. – Explicou o amigo – Repara como eu faço.
E dizendo isto, agarrou com as duas patinhas uma trave do espaldar e…Upa! Fez um pino muito bem feito!
- Ena, ena…também quero fazer! – Disse a Fofinha, batendo as palmas muito contente.
Mas quando tentou imitar o amigo…Catrapumba, caiu no meio do chão.
- Não sou capaz, estou mais gorda… - chorou, muito triste.
- Então…não fiques assim – consolou-a o Gingão – Como nunca fizeste ginástica é natural que tenhas dificuldades, no início.
Mas a Fofinha estava muito, muito triste e chorava por não conseguir fazer o pino.
- Olha, espera aqui um bocadinho que eu vou chamar a Clarinha – disse o amigo.
- Quem é a Clarinha? – Perguntou ela a soluçar.
- É uma menina que vem cá todas as tardes, dar aulas de ginástica aos animais da quinta. Espera, vou chamá-la!
E lá foi o Gingão a correr chamar a Clarinha, enquanto a sua amiga continuava muito triste. Mas assim que conheceu a Clarinha, gostou logo dela. Era tão simpática!
- Não fiques triste, Fofinha, com a minha ajuda depressa aprenderás a fazer ginástica. Mas tens que começar pelo princípio, está bem?
Ajudada pela Clarinha, a amiga do Gingão até conseguiu dar uma cambalhota, em cima de um colchão.
- Posso vir mais vezes? – Perguntou feliz.
- Claro, sempre que queiras. Mas tens que me prometer uma coisa.
- O quê, Clarinha?
- Quero que me prometas que a partir de hoje irás comer muita fruta e legumes e menos doces, está bem? Os doces, quando comidos em demasia, não só te prejudicam a saúde, como também te tiram o apetite para uma refeição de qualidade.
- Eu prometo! Quero ser uma patinha elegante e saudável.
- Muito bem, assim é que se fala! – Apoiou o Gingão, todo orgulhoso da sua amiga. E após alguns meses, a Fofinha já fazia o pino sozinha e estava muito mais elegante.
A natação, também faz muito bem, mas… que sorte o lago ter estado vazio naquela tarde!

Maria Manuela Amaral

segunda-feira, 24 de maio de 2010

NA QUINTA DO TIO TOMÁSIO - O PLANETA DA PAZ



O Pedro, sobrinho do Tio Tomásio, foi passar o mês de Agosto à quinta que ele gostava tanto. Era um menino muito bom e todos os animais da quinta gostavam dele. Um dia, perto do lago, ele assistiu a uma zanga entre o burro Anacleto e o Doc, que era um grande cão de guarda de pêlo castanho e muito macio. Dizia este para o burro Anacleto:
- Tu és um mandrião! Não prestas para trabalhar!
- E tu, palerma? Tu é que és um mandrião, não fazes nada o dia inteiro! – Defendeu-se o cão.
- Como é que te atreves a dizer uma coisa dessas? – Perguntou, indignado o burro.
- Porque é verdade. Passas o dia inteiro ao lado do portão.
- Olá amigos! Então o que é que se passa por aqui? – Perguntou o Pedro ao aproximar-se.
- É o palerma do Doc que está sempre a aborrecer-me – queixou-se o burro.
- Ai eu é que te aborreço? Pois fica a saber que vou fazer queixa de ti ao Tio Tomásio!
O Pedro olhava para um, olhava para o outro e não entendia nada…
- Esperem lá, vamos ver se nos entendemos. – Disse o Pedro – fala um de cada vez, para eu os poder ajudar. Começa tu, Doc.
- Bom, eu vinha dali – e o Doc apontou para os lados do ginásio – quando vi o burro Anacleto a comer ervas, muito deliciado. Ora, como eu sabia que ele devia era de estar a limpar o jardim, chamei-lhe mandrião.
- É verdade, menino Pedro, mas eu estava com muita fome – defendeu-se o burro – Quando terminasse de comer ia limpar o jardim. Nunca faltei às minhas obrigações.
- Pois sim, o pior é que as tuas obrigações andam sempre em atraso – acusou o cão.
- Falas muito porque não fazes nada, Doc! – e o burro já estava muito zangado.
- Vá lá, tenham calma, não devem discutir, vocês até são amigos. – Disse o Pedro.
- Ele é que começou! – Protestou o burro Anacleto com um ar acusador.
O Pedro coçou a cabeça a pensar numa solução.
- Bom, o Doc vai prometer-me que não voltará a provocar os seus amigos e tu, Anacleto, vais continuar o teu trabalho. Está bem assim?
- Ele não é meu amigo…mas está bem, Pedro. – Resmungou o Doc.
- Nem me interessa sê-lo, tu és um chato. – Disse o burro aborrecido.
- Pronto, pronto, acabou a discussão. Agora vão cumprir os vossos deveres e vão dar um abraço, está bem?
O Doc e o Anacleto olharam um para o outro, ainda aborrecidos…mas lá deram um abraço e foram trabalhar a conversar mais animados.
Naquela noite, o Pedro ao deitar-se, pensou preocupado, nos seus amigos.
- Como eu gostaria que todos fossem amiguinhos uns dos outros…
Subitamente, viu algo a brilhar do lado de fora da janela do quarto. Esfregou os olhos e voltou a olhar, pensando ser um sonho. Mas não. A luzinha continuava a brilhar do lado de fora da sua janela. Parecia uma estrela vinda do céu! O Pedro levantou-se da cama, abriu a janela e espantado, viu a luzinha entrar para dentro do seu quarto e transformar-se numa linda fada, de longos cabelos da cor do sol, vestida de branco com um sorriso nos lábios, apertando numa das mãos, uma varinha mágica.
- Quem és tu? – Perguntou o Pedro, fascinado com aquela visão tão bonita.
- Sou a fada dos teus sonhos! – Respondeu ela, sorridente – Vem comigo!
- Agora? Onde? Estou de pijama! – Exclamou o Pedro atarantado.
- Não faz mal. Vem e eu vou mostrar-te um lugar onde, um dia, todos os meninos serão felizes, terão paz e não passarão fome, nunca mais!
- Mas esse lugar existe, fada? – Perguntou o sobrinho do tio Tomásio, incrédulo.
- Existe sim! Vem daí comigo…
O Pedro não hesitou mais. Levado pela mão suave da fada dos seus sonhos, flutuou no mundo maravilhoso e colorido que existia para além das nuvens. Que bom que era andar lá por cima. Uau! As nuvens eram tão fofinhas! E as estrelas tão brilhantes e simpáticas. Após alguns instantes, ele avistou um planeta idêntico ao da Terra.
- Fada, que planeta é aquele? – Perguntou, apontando na sua direcção.
- É o planeta da Paz, um dia todos os meninos vão poder vê-lo.
Planeta da Paz? O Pedro nunca tinha ouvido falar daquele planeta…
- Não sabia que existia um planeta da Paz – exclamou surpreso.
- Sabias sim, ele sempre morou no desejo que é teu, de haver paz entre todos os meninos do mundo.
O Pedro nem acreditava no que via: era um planeta redondo, muito parecido com a Terra. Mas…ao mesmo tempo, era tão diferente. O céu era mais azul, o sol brilhava mais e sorria enternecido ao abraçar o mar… Os rios cantavam a melodia da água a deslizar por entre as rochas, as flores sorriam e acenavam à fada dos sonhos e os animais dançavam músicas de harpa. Os meninos abraçavam-se, contentes e felizes enquanto aprendiam coisas novas em escolas da cor do chocolate.
- É um sonho, fada! É um sonho! – Pedro tinha os olhos rasos de lágrimas, estava tão emocionado!
- Sim Pedro, é o teu sonho… - sussurrou a fada, com carinho. – Agora vem, vou levar-te ao teu quarto, para poderes continuar a sonhar…
No dia seguinte, ao acordar, ele correu para a janela e olhou para o céu. Nunca mais viu a fada dos seus sonhos, nem a estrelinha brilhante, nem o planeta da Paz…
Será que um dia, o sonho do Pedro se transformaria em realidade?
Quantos meninos terão uma fada dos seus sonhos?

Maria Manuela Amaral